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GRAND PROJECTS

O projeto de pesquisa denominado ‘Grandes Projetos - Operações Arquitetônicas e Urbanísticas após a Exposição Mundial de Lisboa de 1998’ visa identificar, caracterizar, debater e refletir as políticas urbanas e obras arquitetônicas produzidas em Portugal após a Exposição Mundial de Lisboa de 1998 (Expo98). O estudo assenta na convicção de que os efeitos deste 'laboratório urbano' não podem dispensar um trabalho predominantemente analítico e interpretativo, capaz de mapear e qualificar a cultura urbana, projectual e tecnológica implementada em Portugal nas duas décadas que se seguiram aos empreendimentos da Expo98.

 

Na presente investigação, Lisboa servirá de primeiro estudo de caso, a partir do qual serão feitas extrapolações comparativas para outros casos de forma a medir o impacto e a cultura do projeto extraído da experiência da Exposição Mundial, nomeadamente através do Programa Pólis (Programa de Meio Ambiente Urbano).

 

Também serão estabelecidos estudos comparativos com intervenções urbanas semelhantes realizadas após outros grandes eventos da última década do século 20, por ex. os casos das cidades espanholas de Barcelona após os Jogos Olímpicos e de Sevilha após a Exposição Mundial, ambas em 1992. Outros casos serão Hannover após a Exposição Mundial de 2000 e  o Rio de Janeiro, Brasil, com as intervenções para os grandes eventos  Mundial da FIFA, 2014, e Jogos Olímpicos, 2016.

 

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PORTO MARAVILHA – A obsolescência de um modelo / RJ. J. Bassani (2019)

http://thegrandprojects.com/wp-content/uploads/2020/05/Bassani_PortoMaravilha.pdf 

DESCRIÇÃO TÉCNICA + equipe de pesquisa

O processo urbano de regeneração da zona ribeirinha de Lisboa tem de ser entendido no contexto de uma actividade de reconversão generalizada, quer das zonas portuárias, quer das frentes de água urbanas. Essas questões foram amplamente abordadas do ponto de vista científico. Os casos de Baltimore e Boston na década de 1950 desencadearam uma série de operações que mais tarde, a partir da década de 1980, se estenderam a vários continentes. Alguns exemplos são cidades como Londres, Barcelona, ​​Gênova, Roterdã ou Hamburgo, na Europa; Tóquio, Yokohama e Cingapura, na Ásia; Buenos Aires, na América Latina (Bo01; Sa97). Este processo foi motivado por uma série de fatores amplamente debatidos, nomeadamente devido a algumas alterações de rotas comerciais, novos mecanismos de gestão e logística das atividades portuárias e, por fim, o desenvolvimento de redes alternativas de transporte (por exemplo, rotas aéreas e rodovias). Além das mudanças no setor portuário, passou-se a considerar uma sensibilidade sobre a importância da renovação dos espaços públicos como modelo de desenvolvimento.

 

A experiência de Barcelona foi vista como um exemplo a seguir. Os Jogos Olímpicos de 1992 foram o principal argumento para uma nova localização portuária e para um amplo plano espalhado por todo o território da cidade voltado para a renovação do espaço público (Pe11).

 

O processo de reflexão sobre a reconversão do Porto de Lisboa iniciou-se em 1988, durante o Concurso de Ideias para a Zona Ribeirinha de Lisboa lançado pela Ordem dos Arquitectos de Portugal. As conclusões desta iniciativa serviriam para clarificar as orientações do Plano Estratégico de Lisboa (PEL) 1990, instrumento que definiria o denominado ‘Arco Ribeirinho’ como fundamental de ordenamento e estruturação da zona urbana de Lisboa. Durante este período, surgiu uma estratégia central para derrubar as barreiras infraestruturais que obstruíam as ligações entre a cidade e o rio Tejo (Co89). O Plano Diretor Municipal (PDM) de 1994 incorporou as questões mencionadas acima, fornecendo um conjunto de Planos de Urbanização e Projetos Prioritários. Visavam o lançamento de novos mecanismos de gestão urbana, de forma a desencadear um processo de regeneração das zonas limítrofes do Porto de Lisboa. Outro instrumento prioritário para o processo de conversão do Porto de Lisboa foi o ‘Plano da Zona Ribeirinha’ (POZOR).

 

Lançado em 1995 pela Autoridade Portuária de Lisboa, definia as finalidades das áreas sob sua jurisdição. Isso abriu espaço para a demarcação de dois tipos de áreas, ou seja, aquelas destinadas à atividade portuária exclusiva, por um lado, e aquelas que poderiam acomodar usos urbanos, por outro.

 

Neste contexto, o ‘Plano de Urbanização da Zona de Intervenção Expo98’ (1993-1998) foi realizado sob a coordenação dos empreendimentos Parque Expo e Expo Urbe criados para a reconversão de 330ha de áreas envolventes ao recinto da Exposição Mundial.

 

Como referência sobre este assunto, duas obras de natureza multidisciplinar devem ser mencionadas: A revista ‘Mediterrâneo’ número 10/11 (Sa97) e o livro ‘A cidade da Expo98. Uma Reconversão na Frente Ribeirinha de Lisboa? ’(Fe99).

 

Depois da Exposição Mundial de Lisboa, houve uma intensa aceleração das políticas públicas em questões de coesão social, e também uma abertura de oportunidades para manter ativa toda a máquina produtiva projetada para (e pela) Expo98 (Po98). Foi neste contexto que, no final da década de 1990, vários planos de desenvolvimento e valorização foram levados a cabo em inúmeras cidades da área metropolitana de Lisboa. Alguns destes planos acabaram por ser enquadrados no Programa Pólis, criado em 2001 pelo Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, e desenvolvido pela empresa pública Parque Expo com metas equivalentes correspondentes ao lançamento de operações de requalificação urbana integrada, visando a melhoria da qualidade da vida em vinte e duas cidades portuguesas. (Ba08; Mi00; Pe09)

 

O 'Plano Geral de Intervenções da Frente Ribeirinha de Lisboa' traduziu em larga escala e visibilidade toda a orientação estratégica implementada desde 1998. O processo de elaboração deste instrumento de planeamento urbano esteve associado à 1ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, realizada em 2007, um ano antes para o lançamento do Plano. Essa iniciativa, intitulada 'Vazios Urbanos', trouxe ao debate a vulnerabilidade dos chamados 'lugares em espera' em face da especulação imobiliária da economia global, como aqueles rotulados por Ignasi de Solà-Morales como 'vagos de terreno' (Mo95 )

 

O projecto 'Grandes Projectos' Depois da Expo98 procura compreender este compromisso, que mais uma vez foi recentemente abordado por Manuel Graça Dias (Pi15), no que se refere à revisitação de 'Manhattan de Cacilhas' - um projecto especulativo de sua autoria para a reconversão da Antigos estaleiros da Margueira Lisnave, ao afirmar que 'o crescimento desordenado da área metropolitana de Lisboa poderia ser travado pela reestruturação das zonas envolventes do Estuário do Tejo'.

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